Você já ouviu que a área de programação está saturada? Ou então que o Brasil terá um déficit de mais de 500 mil profissionais de tecnologia nos próximos anos? Neste artigo, vamos explorar esses dois lados da moeda e entender o que realmente está acontecendo com o mercado de tecnologia no país.
O déficit de profissionais de tecnologia: mito ou verdade?
Recentemente, foi divulgado que o Brasil terá um déficit de 532 mil profissionais de tecnologia até 2029. Mas será que esses dados são confiáveis?
Essas previsões costumam aparecer sem fonte clara ou metodologia transparente. Na prática, o que temos visto é uma grande evasão de profissionais sêniors para o exterior, em busca de melhores salários e condições de trabalho. Isso de fato gera um buraco no mercado interno — mas talvez não na escala alarmante divulgada.
A saturação da área de programação
Muitos iniciantes têm a sensação de que a programação está saturada, especialmente ao tentar o primeiro emprego. E há um fundo de verdade nisso.
As empresas deixaram de investir em formação de profissionais júniors. Em vez de treinar novos talentos, elas preferem contratar desenvolvedores experientes e prontos. Isso gera um ciclo vicioso: faltam vagas para quem está começando, e os sêniors estão saindo do país.
Falta de investimento na indústria nacional
A consequência disso tudo é o enfraquecimento da indústria de tecnologia no Brasil. Universidades estão sucateadas, concursos públicos oferecem salários baixos e exigem presença física desnecessária. Empresas deixam de investir em inovação e passam a apenas manter sistemas legados.
Sem investimento em pesquisa e desenvolvimento, o país perde força. O resultado? Um ecossistema frágil, com poucos produtos próprios, dependente de soluções estrangeiras.
As iniciativas públicas são suficientes?
Projetos como o Conecta e Capacita, do governo federal, têm como objetivo ampliar a conectividade e a capacitação digital, principalmente em regiões carentes. Mas será que isso resolve o problema?
Apesar das boas intenções, essas iniciativas ainda são superficiais se não forem acompanhadas de investimento direto nas universidades, salários dignos para pesquisadores e apoio à inovação real. Sem isso, os projetos viram apenas ações paliativas.
O dia a dia do programador: menos glamour, mais realidade
Quem trabalha na área sabe: a maior parte do tempo está longe da inovação. A rotina de um programador é, em sua maioria, repetitiva, centrada em tarefas como manutenção de sistemas, criação de CRUDs e integração de APIs.
Mesmo profissionais sêniors raramente estão envolvidos em projetos inovadores. A falta de incentivo à criatividade e à experimentação é um reflexo direto da fragilidade do setor.
Lua: uma linguagem com futuro promissor?
No fim do vídeo, o criador compartilha seu interesse crescente pela linguagem Lua, especialmente pelo impacto do Roblox, que tem ajudado a popularizá-la entre jovens programadores. Ele acredita que Lua pode ter um papel importante na formação da próxima geração, assim como PHP, Python e JavaScript tiveram no passado.
Com um ecossistema mais robusto e ferramentas como o LuaJIT, a linguagem tem potencial para ir além do nicho de jogos e se tornar mais relevante no uso geral.
Conclusão: saturação não é o problema, é a falta de estratégia
A área de programação no Brasil não está saturada — ela está desorganizada, desvalorizada e mal gerida. O que falta não é espaço para trabalhar, e sim estratégia para formar, reter e valorizar profissionais.
Sem investimento em educação, inovação e indústria, vamos continuar perdendo talentos para o exterior e deixando o país para trás no cenário tecnológico global.